A última vez que fui ao cinema eu assisti A noiva invisível, com Selton Mello e Luana Piovani. A história, verdade seja dita, nem é tão original assim: Um homem que emulava uma vida a dois perfeita se vê desnorteado quando seu suposto amor lhe dá um pé na bunda. Depois das etapas psicológicas que acomete todo sofredor por amor, eis que Pedro retira uma mulher da sua própria mente.
Deixando de lado toda a resenha do filme, acho que ele é absolutamente pernitente para pensarmos como a percepção do outro na sociedade contemporânea vem tornando-se cada vez mais rarefeita! Desde de quando acordamos nos relacionamos com os outros: o motorista do ônibus ou caixa do metrô, os colegas de trabalho, os funcionários da limpeza, os vizinhos e etc.
Mas muitas vezes ocorre o que vi no filme citado acima: Pedro vivia havia 6 anos ao lado de uma mulher que nem ao menos sabia o nome, muito menos esboçara um "bom dia", mesmo daqueles cumprimentos constrangidos que penetram os espaços fechados, tipo elevadores.
O outro passa a ser, na maioria das vezes, uma ameaça, uma espécie de negação do indivíduo. Isto é um problema realmente sério, porque enfraquece as instituições culturais, políticas e socio-econômicas. E há sempre um risco de retornamos ao estado de natureza de Hobbes, no qual o homem é o lobo do homem e todos estão em guerra contra todos...