Como estava falando em estudos na semana passada, pensei em reproduzir algo interessante a respeito do que venho analisando em uma aula muito muito agradável: trata-se da filosofia do francês Henri Bergson. Abordo aqui neste post uma passagem de um texto chamado A consciência e a vida, que faz parte de um livro chamado A Energia espiritual:
"Um organismo rudimentar está tão bem adaptado quanto o nosso às suas condições de existência, visto que consegue viver nelas: então por que a vida foi se complicando, e complicando-se cada vez mais arriscadamente ? Uma certa forma viva que observamos hoje era encontrada já nos tempos mais remotos da era paleozoica; persistiu, imutável, ao longo das idades; por toda parte onde era possível? por que prosseguiu? por que - se não for impulsionada por um elã, através de riscos cada vez mais maiores, rumo a uma eficiência cada vez mais alta? "
Bom, o autor desenvolve, a partir deste ponto, uma ideia muito bela da ideia de criação que perpassa a atividade humana, diferenciando-o dos outros animais. Mas, como um amigo meu refutou, dizendo que castores e alguns pássaros constroem casas, esclareçamos. A questão é que a criação destes bichos tem um propósito absolutamente pragmático; eles buscam a conservação da espécie e só! Ao homem cabe, graças à sua estrutura cognitiva, criar desinteressadamente. Eu só fico pensando que estamos cada vez mais esquecendo disso. Tudo o que vemos é reprodução de algo anterior, de modo que o fazer propriamente humano vai se desfacelando e se tornando opaco. Quis sugerir com isto que Bergson pode ser um autor que nos conduza à reflexão sobre o nosso potencial criador e transformador do mundo, em esferas diversas do pensamento e da ação!